Por que um “afterschooling” afrocentrado?

Ana
Asterisk Project
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4 min readAug 1, 2020

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Em defesa da pedagogia afrocentrada — feita em casa!

Suplementar a educação de seus filhos. Como fazer? Foto: Ana Luíza Azevedo

Ensino Domiciliar e a Pandemia

Homeschooling ou Homeschool é a prática de ensino domiciliar. Ou seja, a criança não frequenta a escola regular é ensinada em casa, muitas vezes pelos próprios responsáveis. Embora o homeschool não seja regularizado no Brasil, existe uma demanda de pais e responsáveis que utilizam as técnicas de ensino em casa, especialmente com os filhos que ainda não estão em idade escolar. Mesmo concordando ou não com o ensino domiciliar integral essa ainda é uma prática ainda muito longe da realidade da maioria da população brasileira.

A pandemia de COVID-19 mudou por completo a situação da educação brasileira. De um dia para outro muitas famílias se viram responsáveis pelo ensino de seus filhos como nunca antes. Mesmo ainda não sendo um homeschool (existe uma grande diferença entre ensino à distância e ensino domiciliar) os responsáveis puderam ter uma prova de como a educação de seus filhos desmonta um grande esforço. Essa mudança também provou ser uma prova de choque para muitos dos pais que antes não se envolviam tanto com a vida escolar de seus filhos.

Ensino de África no Brasil

Durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, um caso chocante de racismo em uma escola renomada do Rio de Janeiro se destacou no noticiário nacional. Ndeye Fatou Ndiaye, de 15 anos, brasileira filha de senegaleses enfrentou com bravura o ataque racismo proferido por colegas de classe. Durante todo o caso, Fatou demonstrou não só coragem mas também sabedoria. Conhecimento sobre sua história e sua origem, armas que a ajudaram a se manter confiante diante aos ataques. Como fazer com que essa sabedoria seja comum entre os jovens negros brasileiros?

Foto: Ana Luíza Azevedo

Há quase 17 anos a Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio. Porém, para todos que estiveram dentro do sistema educacional durante esses anos, ou tiveram filhos que estudaram durante essa época, fica claro que essa lei não é necessariamente uma prática comum. Existe uma grande falta de ensino de história africana e afro-brasileira em escolas públicas e particulares de todo o Brasil. E embora não devemos deixar de lutar para que essa lei seja cada vez mais praticada, podemos também ajudar nossos filhos e nossa comunidade com essa tarefa.

Afterchooling e a Pedagogia Afrocentrada

De acordo com artigo Afterschooling 101: “Afterschooling é a prática de suplementar a educação de uma criança depois do horário da escola.” O afterschooling pode ser considerado também como as atividades extra curriculares comuns como balé e futebol mas nesse caso vamos tratar de um afterschooling similar ao homeschooling.

Livros revisados para contexto afrocentrado é uma das ideias.

Com a pandemia e o ensino a distância sendo realidades novas, muitas famílias estão aderiram a essa nova realidade como uma oportunidade de estar mais próximos de seus filhos. O afterschooling, por exemplo, está cada vez mais popular entre pais que utilizam o ensino bilíngue.

Por que não utilizar o afterchooling para suprir a falta de história afro? A pedagogia afrocentrada não nada mais que um currículo que empodere a diáspora africana. A ideia principal é que nosso currículo ocidental exclui ou minimiza a história e os conceitos africanos fazendo com que nossos alunos não entendem sua própria história e origem.

Já que afterschooling não é a escola regular, existe a liberdade de conteúdo de de técnicas que não são possíveis no ensino regular. O conhecimento é a maior arma que podemos oferecer ao nosso povo. Esse conhecimento pode vir de muitas maneiras. O importante é suprir a falta que desse conhecimento de uma maneira que seja interessante e que engaje o estudante. O afterchooling não deve ser só mais um dever de casa para o aluno. Essa é uma oportunidade tanto para o conhecimento mas também para o desenvolvimento do vínculo familiar e comunitário.

Quer saber mais? Vamos continuar postando dicas e sugestões de atividades e currículos de ensino afrocentrado por aqui. Você também pode seguir nosso Instagram para mais informações e troca de ideias!

Exemplo de exercício com aquarela sobre impérios africanos. Ana Luíza Azevedo

Fontes:

https://www.dw.com/pt-br/argumentos-a-favor-e-contra-o-ensino-domiciliar-no-brasil/a-45266600

N°10.639/2003 e o currículo afrocentrado: desafios e possibilidades da educação para as relações étnico-raciais

https://claudia.abril.com.br/sua-vida/que-sua-luta-possa-mudar-tudo/

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Ana
Asterisk Project

Formada em Relações Internacionais pela UFRRJ - Criadora do Asterisk Project.